DE FETO PARA SER HUMANO. EM QUE MOMENTO ISSO OCORRE?

Tudo começa assim:


O primeiro desses momentos é a fecundação, quando espermatozoide e óvulo se combinam para gerar um novo código genético. Essa, por sinal, é a posição da Igreja Católica. "É na concepção que se forma um novo indivíduo, diferente de seu pai e de sua mãe, e que vai se desenvolver num contínuo até a morte", afirma o padre Berardo Graz, coordenador da Comissão Regional em Defesa da Vida, em São Paulo.


Há quem defenda, no entanto, que a vida só começa na 3ª semana de gravidez - porque, até ali, o embrião ainda pode se dividir, dando origem a dois ou mais gêmeos. Existe ainda a corrente dos que afirmam que o feto só se transforma numa pessoa quando começa a produzir ondas cerebrais semelhantes às de um ser humano "pronto" - 8ª semana para uns, 20ª para outros. E, por fim, há os que apontam para a 24ª semana de gestação, quando os pulmões do feto já estão formados. Para quem acredita nessa tese, é só nesse momento que o futuro bebê adquire condições de sobreviver fora do útero.

Posição radicalmente oposta - e obviamente polêmica - é a do filósofo americano Peter Singer. Para ele, o que dá valor intrínseco à vida é a autoconsciência do indivíduo. Nesse sentido, seria moralmente aceitável não só o aborto, mas também o sacrifício de bebês que nasçam debilitados ou com poucas chances de sobreviver. "O fato de ser um humano não significa que seja errado tirar sua vida", escreve Singer no livro Rethinking Life and Death ("Repensando Vida e Morte", inédito no Brasil). "Matar um recém-nascido não é, sob hipótese alguma, equivalente a matar um adulto - que quer conscientemente continuar vivendo".


Anthony